”O Ver-o-Peso, com sua Feira tradicional, é um dos cartões postais mais bonitos e coloridos da Amazônia. Confira nas fotos de David Belém e Helly Pamplona, uma viagem pelo imaginário, em parte, de uma das maiores feiras livres localizada na capital, Belém, o Portal da Amazônia”.
A história do Ver-o-Peso está diretamente ligada à da cidade de
Belém do Grão-Pará. Fundada em 1616, num promontório margeado pelo igarapé de
nome Piri, que desagua na Baía do Guajará no ponto em que se vislumbra a
desembocadura do caudaloso rio Guamá, logo nos primeiros tempos, no século
XVII, a aldeia - referida como "cidade do Pará" - cresceu em torno do
Forte do Castelo, e do Colégio e Igreja dos Jesuítas, embrião da atual capital.
Criado com objetivos fiscais, foi a partir de então que o porto do
Piri entrou para a "economia formal", passando a se chamar o
"lugar de ver o peso", nome que a tradição oral há mais de 300 anos
soube preservar.
Um ano depois, em 1689, desembarcou no Ver-o-Peso, vindo das
missões dos Omáguas do alto Amazonas, o padre jesuíta Samuel Fritz, autor da
carta geográfica mais completa da Amazônia até o século XVII.
Também ali aportou o cientista Charles Marie de La Condamine,
quando veio à Amazônia, em 1749, fazer as primeiras medições da circunferência
terrestre. Dali embarcou, em 1783, Alexandre Rodrigues Ferreira para a primeira
expedição científica luso-brasileira à Amazônia, que duraria 10 anos e reuniu
grande coleção zoológica e etnográfica, além de rica iconografia hoje guardada
na Biblioteca Nacional.
Ao longo de todo o século XVIII, o Ver-o-Peso assistiu aos
principais eventos e acompanhou as mudanças urbanísticas que a cidade sofria,
em seu crescimento para a outra margem do igarapé do Piri. A conformação
cultural do Mercado foi sendo impregnada pelas gentes que chegavam: escravos
indígenas dos sertões amazônicos dos rios Negro, Japurá, Solimões e Madeira,
negros de Angola e Benguela, colonos portugueses vindos de África e da
Metrópole, comerciantes de escravos e drogas do sertão, missionários,
cientistas e militares. A Língua Geral, ou Nheengatu, ensinada pelos
missionários, era falada por todos. No Ver-o-Peso, ainda naquele século,
aportaram no Grão-Pará as primeiras mudas de café vindas de Cayena pelas mãos
de Francisco de Melo Palheta, as quais, mais tarde, mudariam a economia e a
história do Brasil.
Nos últimos anos foram realizadas duas grandes reformas
no Mercado Ver-o
A
Praça do Pescador e a feira livre também ganharam melhorias, como também a
construção da Praça dos Velames e de barracas padronizadas. Em 1998, foi
iniciada uma segunda grande reforma no Ver-o-Peso, sob responsabilidade da
Prefeitura de Belém, na gestão de Edmilson Rodrigues, com o objetivo de
intervir na feira em âmbito geral, contemplando, assim, aspectos que vão do paisagístico
ao que diz respeito à qualificação dos feirantes no atendimento ao público.
Essa reforma continuou até o ano de 2002, sendo realizada por etapas.
Fonte: INRC Ver-o-Peso, 2010, Iphan/PA
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