quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Biopirataria, o negócio ilegal de US$ 60 bilhões!!!

"Inacreditável, mas muitas das espécies coletadas pelos piratas do Meio Ambiente, cabem na palma da mão ou então podem ser escondidas facilmente nos bolsos desses comerciantes ilegais"



Segundo estimativas recentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a biopirataria movimenta por ano no mundo cerca de US$ 60 bilhões, o que faz deste crime ambiental a terceira atividade ilegal mais lucrativa do planeta, atrás do tráfico de armas e drogas.
Só por intermédio do tráfico de animais - o que não inclui outros tipos de material biológico - o Brasil perde cerca de US$ 1 bilhão ao ano, segundo uma CPI implantada na  Câmara dos Deputados.
O mais preocupante, segundo especialistas, é que para cada contrabandista capturado muitos outros escapam ilesos pela fronteira, levando amostras da biodiversidade brasileira na mala, ou até no bolso!!! Inacreditável.
O destino são laboratórios do exterior, que compram o material para pesquisas no desenvolvimento de medicamentos, cremes ou perfumes. Só uma parcela ínfima realmente se transforma em produto, mas o potencial é tentador, assim como o lucro obtido pelos biopiratas.
Um grama de veneno da aranha-armadeira, que tem características analgésicas, pode valer US$ 40 mil no mercado negro internacional, exemplifica José Carlos Araújo Lopes, da Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro) do Ibama.
Ele reluta em revelar valores, para não correr o risco de incentivar ainda mais a atividade. 'O fato é que o tráfico é intenso, e o Brasil perde muito dinheiro com isso', diz.
Calcular o valor exato desse prejuízo é quase impossível, dadas as sutilezas da atividade e a dificuldade de fiscalização. 'O material coletado é tão pequeno que pode ser escondido facilmente na roupa ou na bagagem', explica Lopes.
A estimativa do Ibama diverge de outras divulgadas anteriormente porque separa a biopirataria propriamente dita do tráfico de animais silvestres - que, com um movimento anual de US$ 12 bilhões, ocupa o quarto lugar no ranking das atividades ilícitas.
Alvo - O Brasil, que possui na Amazônia a maior biodiversidade do planeta, é naturalmente cobiçado por traficantes dos dois tipos. Os biopiratas, segundo Lopes, chegam ao País como turistas, vindos principalmente dos EUA, Europa e Japão. Entram pelos aeroportos do Sudeste e seguem para a região amazônica, onde aproveitam o isolamento e a pobreza das comunidades locais para atuar.
Chegam até a "recrutar" crianças para capturar os animais, por conta de alguns trocados.' Nos últimos anos, 'turistas' estrangeiros já foram detidos tentando embarcar em aeroportos com peixes, borboletas, formigas, vários tipos de plantas, sementes e até amostras de solo contendo fungos e microrganismos. Segundo Lopes, os piratas já chegam ao País com alvos definidos.
'Normalmente, viajam para atender a uma determinada demanda de uma instituição ou linha de pesquisa', diz. E quase sempre procuram se aproximar de comunidades indígenas, que, pelo próprio convívio com a natureza, já selecionaram as espécies de maior potencial. 'São pessoas extremamente especializadas que conhecem bem as fragilidades da legislação e da fiscalização no País.’
Exemplos - Além do dinheiro obtido com a venda do material, muitos biopiratas esperam conseguir uma fatia dos eventuais lucros obtidos com o desenvolvimento da pesquisa.
A indústria farmacêutica está repleta de exemplos de como a biodiversidade pode se transformar em produtos valiosos, tanto para empresas quanto pacientes.
Segundo o especialista João Calixto, professor de farmacologia da Universidade Federal de Santa Catarina, estimativas indicam que 40% das drogas disponíveis hoje foram desenvolvidas com base em produtos naturais.
A ciclosporina, um importante imunossupressor, foi obtida a partir de um fungo, o Tolypocladium inflatum. A digoxina, usada no tratamento de insuficiência cardíaca, surgiu da planta Digitalis purpúrea e a toxina botulínica, vulgo Botox, foi obtida de uma bactéria, a Clostridum botulinum.
Da biodiversidade brasileira nasceu o captopril, um dos anti-hipertensivos mais usados no mundo, isolado do veneno da jararaca.
Vários casos poderiam ser teoricamente classificados como biopirataria, mas isso depende de como o conhecimento e o material foram obtidos.
O captopril foi patenteado legitimamente por estrangeiros com base em informações publicadas por cientistas brasileiros, que não contavam com a infra-estrutura ou o financiamento necessários para desenvolver o produto no País.

Outros exemplos de patentes estrangeiras com base na biodiversidade brasileira incluem a semente extraída do urucum, por conta de sua pigmentação, também o extrato de espinheira-santa, indicada para problemas estomacais; uma planta da ayahuasca, mistura alucinógena de rituais indígenas, a pilocarpina, da planta pilocarpo, para glaucoma, o curare, veneno de flecha transformado em relaxante muscular, e uma substância da pele do sapo Epipedobates tricolor, usado na indústria como anestésico.
A questão da Biopirataria,  ganhou destaque após o episódio do cupuaçu, fruto amazônico que teve o nome registrado como marca pela empresa de alimentos japonesa Asahi Foods, que também patenteou um processo de fabricação de cupulate, ou chocolate de cupuaçu.
A marca está sendo contestada por organizações amazônicas e há suspeitas de que o processo do cupulate tenha sido copiado ilegalmente de uma patente da Embrapa, de 1990. Por Herton Escobar.
Um bom exemplo de biopirataria é o da Aranha Caranguejeira na Amazônia, utilizada pelos laboratórios na produção de remédios.
Os nativos vendem a R$ 1,00 (um real) por espécie, revendida por valores de até U$ 500,00 (quinhentos dólares).
Prisão de dois alemães na Amazônia mostra o quanto  são atuantes no País.
O alemão Joaquim Thiem, que visitava a Amazônia supostamente a serviço de um guia de montanhismo, foi pego no fim de agosto com 21 sementes nativas quando voltava de uma excursão ao Parque Nacional do Pico da Neblina, fronteira com a Colômbia.
Na mesma semana, outro alemão, Marc Baungarte, foi preso no Amazonas com um carregamento de aranhas-caranguejeiras. Esses são apenas os casos mais recentes de biopirataria na Amazônia, onde sementes, insetos e flores podem significar ouro para a indústria farmacêutica e de cosméticos.

Aranha caranguejeira- A Acanthoscurria geniculata é uma bela aranha de grande porte da região Amazônica conhecida popularmente como caranguejeira. Ela tem pêlos e um certo tipo de beleza - mas não deve ser por isso confundida com um bichinho de estimação.
Seu veneno não tem importância médica, isto é, não causa morte do ser humano adulto. Mas poucas pessoas sabem que sua picada pode matar crianças, animais domésticos de pequeno porte (aves, cães, coelhos ou gatos) ou até mesmo adultos que possuam reações alérgicas à sua peçonha. Que, aliás, tem sua função na sobrevivência da aranha: defesa e arma para caçar e se alimentar.
Outra característica da família das caranguejeiras é a presença de pêlos urticantes em seus corpos que são liberados no ar - quando esses animais se encontram em situações de estresse. Em contato com os olhos, essas cerdas podem causar até mesmo cegueira. Urticante quer dizer algo que tem a propriedade de irritar a pele, como é o caso da planta urtiga. No Instituto Vital Brasil, há relatos de casos em que os pêlos urticantes chegaram às vias respiratórias das vítimas (através da respiração) causando grandes irritações das mucosas.

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