quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Lentes Mágicas de Rogério Assis registram o cotidiano desconhecido dos Zo´é

"Ter a oportunidade de documentar pela primeira vez uma tribo escondida no meio da selva é algo raro. Poder retornar ao local tempos depois e constatar que as coisas estão melhores que antes, é igualmente significativo"




Essa experiência, vivida por um fotojornalista paraense há quatro anos, agora sai em livro: Zo’é (Editora Terceiro Nome, 128 págs.) é o documento visual desses encontros.

Primeiro fotógrafo a ter contato com os Zo’é, uma pequena comunidade indígena que vive isolada no interior da floresta amazônica, na região do Pará, Rogério Assis retornou ao local vinte anos depois.
Aos 48 anos de idade, ele começou sua trajetória profissional documentando tribos indígenas para o Museu Emílio Goeldi, em Belém. Com passagens pela Agência Estado e Folha de S. Paulo, o fotógrafo vive atualmente na capital paulista, onde atua como editor-executivo da editora Mandioca, uma prestadora de serviços que elabora projetos em parceria com outras editoras.


Segundo explica, o primeiro contato foi totalmente casual (os detalhes estão no livro). Isso ocorreu em 1989, dois anos depois do primeiro encontro oficial dos Zo’é com o mundo exterior, por meio de um grupo de missionários.
Consta que desde a década de 1940 a tribo tinha conhecimento da presença do homem branco em seu território, que fica entre os rios Cuminapanema, Erepecuru e Urucuriana. Porém, o primeiro contato de fato ocorreu em novembro de 1987. O saldo dessa aproximação foi desastroso para o povo da floresta e seu frágil sistema imunológico: quando Rogério esteve na região, um quarto da população da tribo já havia perecido. Restavam 147 índios, muitos dos quais doentes. 


Após o contato com os missionários, a Funai entrou em cena e reestabeleceu o isolamento da tribo, bem como tratou dos doentes. Com isso, o fotógrafo reencontrou os Zo’é em 2009 num contexto bem mais animador: havia 246 indivíduos vivendo na aldeia, com boa saúde graças às ações da Frente de Proteção Etnoambiental Cuminapanema. Atualmente, a população é de 270 pessoas.



A segunda visita do fotógrafo teve como motivação a produção do livro, que só quatro anos depois da segunda expedição conseguiu vencer a apatia dos patrocinadores, apesar de inscrito na Lei Rouanet de Incentivo à Cultura.
Fotos das duas oportunidades compõem o volume e revelam o cotidiano e o modo de vida dos Zo’é. Para manter a uniformidade estética das imagens, Rogério utilizou o mesmo recurso de captura: o filme preto e branco. “Com a diferença que na primeira viagem, a câmera usada era 35mm e, na segunda, uma câmera de médio formato”, sublinha o autor.
“Percebemos nestas imagens uma postura sutil e delicada de se deixar desaparecer entre os outros para se tornar um deles”, assinala a pesquisadora e curadora de fotografia Rosely Nakagawa, em texto para o livro. “A ideia era constatar que o isolamento é muito benéfico para etnias indígenas, o que fica provado através das imagens”, acrescenta Rogério.


Zo’é é complementado pelo relato do fotógrafo sobre o contexto das duas expedições, por uma apresentação de Márcio Meira, presidente da Funai no período da segunda viagem e por um ensaio da antropóloga Dominique Tilkin Gallois, considerada uma das maiores estudiosas sobre os usos e costumes de várias tribos da região – entre as quais, os Zo’é.
Fonte: iphotochannel/Fotos :Rogerio Assis



Um comentário:

  1. Para conhecer a verdade sobre o que aconteceu com o povo Zo'é acesse http://indigenismohoje.blogspot.com.br/ e ou http://www.jesocarneiro.com.br/saude/questao-zoe-a-historia-que-nao-e-contada.html

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