terça-feira, 17 de novembro de 2015

Maestro Isoca recebe poucas homenagens no dia de seu aniversário

"A Pérola do Tapajós esqueceu seu poema de Amor?"


WILSON DIAS DA FONSECA, conhecido como Maestro Isoca, nasceu em Santarém (Pará, Amazônia, Brasil), em 17 de novembro de 1912. faleceu em Belém-PA, em 24 de março de 2002, com 89 anos, e foi sepultado em Santarém-PA, no dia 26 seguinte, quando recebeu significativa homenagem do povo de sua terra querida, tendo a época o Poder público municipal decretado luto oficial pela perda de seu mais ilustre filho, cuja vida e obra constituem autêntica história cultural da “Pérola do Tapajós”. O fato mereceu registros na imprensa, em diversos órgãos privados e públicos, inclusive no Congresso Nacional, em Brasília-DF. E parece que parou por ai o reconhecimento ao grande maestro...


Hoje a casa onde morou, no centro da cidade, e que seria transformada, em Museu tem ares de abandono pelo poder público e pela memória de um povo, na terra que sempre estimou. 
No aeroporto da cidade, uma homenagem merecida, ainda que não esteja a  altura do talento do Maestro isoca. Trocadilhos a parte, a memória de Isoca esmaeceu, como o brilho da Pérola do Tapajós. Uma vergonha regional !!!

Ainda que hoje esteja esquecido, é bom lembrar que maestro Isoca foi compositor do  Hino de Santarém (letra de Paulo Rodrigues dos Santos), Pérola do Tapajós (parceria musical com Pedro Santos e letra de Felisbelo Sussuarana), Canção de Minha Saudade (letra de Wilmar Fonseca), Terra Querida, Lenda do Boto, Um Poema de Amor, (Sucesso de execução, até hoje), Hino da Festa de N. S. da Conceição (letra de Emir Bemerguy). E outras de sua autoria. Musicista talentoso, com reconhecimento no Brasil e no exterior, é herdeiro de uma tradição musical que começou com o seu pai, com quem iniciou seus estudos em 1920, o Maestro José Agostinho da Fonseca (1886-1945), e chegou à geração atual.
Membro da Academia Paraense de Música (cadeira nº 24, que tem como patrono seu pai e atual ocupante Vicente José Malheiros da Fonseca, seu filho) e da Academia Paraense de Letras (cadeira nº 7), em sucessão ao Maestro Waldemar Henrique.
Funcionário aposentado do Banco do Brasil S.A., por 31 anos (1941/1972), jamais se afastou de sua terra natal.
Casou-se com Rosilda  Malheiros da Fonseca em 16 de agosto de 1941. O casal teve seis filhos: José Wilson, Vicente José, Maria das Dores, Maria da Conceição, José Agostinho e Maria da Jesus, quase todos dedicados à música.
Em 1931 estréia como compositor, produzindo inicialmente uma série de peças ligeiras de estilo popular.

Curiosidades musicais- Sua primeira composição é a valsa para piano Beatrice, dedicada a uma sobrinha. A peça foi criada para sonorização de cena do filme “O Beijo” (com Greta Garbo), na época do cinema mudo, cuja sincronia era feita por Isoca, em Santarém (PA). A partitura da valsa é publicada na edição de 06.09.1934 pelo Jornal das Moças, no Rio de Janeiro. A revista carioca acolhe outras composições suas (cerca de 20), todas do gênero popular e que são divulgadas pela Rádio Mairynk Veiga, da antiga Capital da República.
Em 1951 firma-se o seu interesse pela música sacra. A partir de então estuda composição organística e vocal. E porque necessitasse de orientação, troca correspondência com o renomado mestre alemão Frei Pedro Sinzig O.F.M., residente no Rio de Janeiro, dele recebendo lições preciosas. A sua Missa Mater Immaculata para Coro 4 vozes mistas e Órgão merece aprovação da Comissão Arquidiocesana de Música Sacra (RJ), com atestado firmado por aquele conceituado músico religioso.
Falecido Frei Pedro Sinzig, voltou-se Wilson Fonseca para Frei Alberto Kruse (Tomás Samaí), com quem continuou, desde 1952, os estudos e ampliou os seus conhecimentos de contraponto e polifonia. São desse período as suas Missas In Honorem Sancti Joseph, In Honorem Sanctae Annae (dedicada à sua mãe), In Honorem Sancti Augustini (dedicada a seu pai), além de uma coletânea de 23 hinos (cantatas) em honra à Virgem Maria, intitulada Maria, Nossa Canção, com texto em português de Padre Manuel Albuquerque.
Em abril de 1958 a sua composição Ecce Sacerdos Magnus para Coro 4 vozes mistas e Órgão, editada pela Gráfica Irmãos Vitale (SP), é cantada pelo Coro do Seminário Franciscano de Mayslake (USA), por ocasião do cortejo que ingressou na Catedral de Chicago, para sagração episcopal de D. Tiago Ryan, Bispo-Prelado de Santarém.
Não contando mais com o Tomás Samaí (Frei Alberto Kruse), falecido em 1956, Isoca envia algumas de suas músicas sacras para o Dr. Heinrich Lemacher, Catedrático da Academia Nacional de Colônia e Professor do Instituto Científico de Música da Universidade, e daquele mestre alemão recebe convite para fazer um estágio em Colônia (Alemanha), deixando de atender o chamado por não dispor de meios e dada a sua condição de funcionário do Banco do Brasil.

A extensa Obra Musical de Wilson Fonseca, compositor prolífico e eclético, vai do popular ao erudito, e está reunida em 20 volumes (4 apenas publicados), com mais de 1.600 produções catalogadas, grande parte ainda inédita. Esse acervo inclui peças para canto, piano, diversas combinações de instrumentos, música sacra, para banda, composições orquestrais e líricas, além de arranjos e transcrições. Há várias composições com letras também de sua autoria, tais como as diversas canções inspiradas em temas folclóricos e nas belezas naturais de sua terra natal. Escritor, pesquisador, poeta, pianista, organista, maestro, compositor, historiador, memorialista, folclorista, professor, executante de diversos instrumentos musicais, produziu o livro Meu Baú Mocorongo (coletânea de 6 volumes), impresso por RR Donnelley Moore (SP) e editado pelo Governo do Estado do Pará (2006), com quase 2.000 páginas de pesquisas, recordações e reflexões sobre a vida histórica e sócio-cultural de Santarém e da Amazônia.
A fixação da data magna da fundação de Santarém como aldeia missionária, em 22.06.1661 (Lei Municipal nº 9.270, de 02.07.1981), pelo Padre João Felipe Bettendorf, resulta de suas pesquisas histórias, cuja síntese, inclusive com ilustração documental, está publicada no livro Meu Baú Mocorongo (volume 1, p. 25/52).
A Lei Municipal nº 19.132, 28.11.2012 (publicada na Secretaria Municipal de Administração, na mesma data), denomina “Rua Wilson Dias da Fonseca (Maestro Isoca)” a antiga Rua Floriano Peixoto, na cidade de Santarém (PA), onde nasceu o compositor santareno.

O livro “A Vida e a Obra de Wilson Fonseca (Maestro Isoca)”, de autoria de Vicente José Malheiros da Fonseca, impresso pela Editora do Banco do Brasil (Rio de Janeiro), em homenagem ao seu centenário de nascimento – a primeira biografia sobre o compositor e escritor, segundo assinala Gilberto Chaves, na Breve Introdução –, foi lançado no clube social Centro Recreativo, em Santarém (PA), terra natal do homenageado e do autor da obra, em 17 de novembro de 2012, justamente na data de seu natalício; e em Belém (PA), no Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, durante a cerimônia de posse de Vicente Fonseca no Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP), em 14 de dezembro de 2012. O seu pré-lançamento ocorreu em 23 de setembro de 2012, na XVI Feira Pan-Amazônica do Livro – Hangar Convenções & Feiras da Amazônia – Belém (PA). O livro foi relançado na XVII Feira Pan-Amazônica do Livro, no mesmo local, na capital paraense, em Primeiro de maio de 2013.
Carlos Cruz, com informações internet/Fotos Divulgação

Um comentário:

  1. Vamos continuar preservando a memória de Wilson Fonseca (Maestro Isoca), ainda que o Poder Público se mostre omisso e nem sempre sensível à arte , à cultura e à história de Santarém.
    O lançamento da Orquestra Sinfônica "Maestro Wilson Fonseca", na data de hoje - 17 de novembro, dia do aniversário natalício do Maestro -, no Centro Recreativo, é uma demonstração de que Wilson Fonseca não foi e nunca será esquecido.
    Abraços.
    Vicente Malheiros da Fonseca
    (Filho de Wilson Fonseca)

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