As crianças que vivem na floresta Amazônica, junto com suas
famílias, em situação de permanente escassez de recursos financeiros e
assistencial, aprenderam a sobreviver garantindo a harmonia com o meio; um
bonito exemplo de que o homem amazônico prefere adequar-se à natureza a
combate-la.
A maioria dos habitantes da floresta nunca teve a
oportunidade de sair do lugar em que nasceu e vive sonhando em conhecer a
"cidade". Muitos vivem sua juventude pescando e caçando. E, quando
adquirem suas famílias, ensinam seus filhos os mesmos costumes e habilidades
para que possam dar continuidade a sua teimosa sobrevivência.
As crianças são as que mais se associam ao prazer natural
que a floresta possui. Os lagos e rios são diversão garantida para a garotada.
Estendendo essa reflexão, sabe-se que atividades lúdicas, servem como
denominação que figura nos manuais de técnicos em educação, com a recomendação
que deve ser matéria obrigatória na didática do ensino. O problema é que nem
sempre é adaptada no dia a dia das crianças ribeirinhas, que concentram suas
brincadeiras em uma realidade bem diferente.
Em lugar de gangorras, elas se divertem nos
"banzeiros"(banzeiros são as ondas provocadas pelas embarcações) que
encontram pelo caminho. Como não tem piscinas, praças, muito menos quadras, as
crianças ribeirinhas fazem sua área de lazer nos rios, onde nadam e desde cedo
aprendem as técnicas e os segredos de como tirarem seu sustento das águas,
pescando. É muito comum entre estas populações, famílias com um número sempre
maior de filhos. A explicação é a falta de políticas públicas de saúde para
controlar a natalidade; uma das falhas de alguns governantes em relação ao
ribeirinho amazônida.
Nos caminhos feitos por rios, o homem nativo dribla suas
dificuldades com a mesma desenvoltura que usa para se equilibrar em suas
canoas, principalmente quando encontram pelo caminho jacarés, cobras e
piranhas, além da agradável presença de botos, de sonhos nem sempre realizados, esvoaçando em suas mentes como coloridas borboletas.
Um cenário de
felicidade sem retoques da civilização gananciosa, onde poucos tem muito, e
muitos vivem em dificuldades financeiras.
Desde pequeno eles aprendem a dominar o rio à sua maneira,
tirando do trajeto hidrográfico a produção de subsistência, peixes em sua
maioria. O respeito e o cuidado com a preservação do rio, são importantes;
desde muito novos eles têm nas águas uma importante fonte de alimento.
"Plantando" sua casa a beira dos rios, aproveitando sabiamente
seus recursos naturais.
Por Roberto Santos/ Fotos Helly Pamplona
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