"Segundo pesquisas desenvolvidas pelo Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFPA, acredita-se que o açaí pode ajudar no controle feito hoje, através de remédios"
Desde que começou a trabalhar batendo açaí, há 5 anos, Cláudio Costa, 54 anos, mudou a rotina alimentar. Tendo uma tigela do produto na mesa todos os dias, no horário do almoço, ele não tem dúvidas dos benefícios proporcionados pelo consumo do açaí.
O que ele não esperava, porém, é que, além do efeito antioxidante já conhecido, o açaí também pode acumular um efeito protetor das convulsões.
Desenvolvida por pesquisadores de laboratórios da Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o estudo denominado “Propriedades anticonvulsivantes da Euterpe Oleracea (açaí) em camundongos” constatou que o fruto pode auxiliar no tratamento de pessoas que sofrem com crises de convulsões.
Segundo a professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFPA e orientadora da pesquisa, Maria Elena Crespo, a partir da descoberta, acredita-se que o açaí pode ajudar ou potencializar o controle feito, hoje, através de remédios. A eficácia é maior, diz estudo, nos casos em que o paciente possui crises convulsivas de forma recorrente e espontânea – quando a pessoa já passa a ser considerada epiléptica. “Como consequência, a pessoa poderia ter de tomar menos fármacos”.
Doses
No caso do açaí, as doses utilizadas na pesquisa se assemelham às consumidas naturalmente como forma de alimento pelos seres humanos. “A possibilidade de redução dos fármacos no tratamento já seria muito benéfico”, ressalta Maria Elena.
Com o estudo ainda em desenvolvimento pelas universidades federais, os próximos passos dos pesquisadores estão concentrados em entender melhor como funciona esse mecanismo dentro das células. Para que a pesquisa dos efeitos dos anticonvulsivantes fosse possibilitada, os animais utilizados foram submetidos a substâncias que induziam crises de convulsões.
Estudo está em fase de aprimoramento
O desafio da pesquisa também está em descobrir se o açaí tem o mesmo efeito em outras condições. “Identificamos que é muito potente na convulsão impulsiva. Então queremos confirmar se também é na convulsão espontânea”, diz a pesquisadora Elena Crespo.
Enquanto a pesquisa é aprimorada, a movimentação no ponto de venda de açaí em que Cláudio Costa trabalha, na Feira da 25, se mantém grande. Ele acredita que a tendência é que se descubra cada vez mais benefícios proporcionados pelo açaí.
Atento sempre em comprar o açaí em um ponto que tome os cuidados necessários com a higiene, o militar aposentado Paulo dos Santos, 69 anos, não deixou de consumir o açaí nem mesmo após ter sido diagnosticado com diabetes. Ouvindo do médico que a ingestão de açaí da forma correta lhe faria bem, ele afirma que faz questão de ter o produto na mesa pelo menos duas vezes por semana. “Eu só não coloco farinha por causa da diabetes, mas tomo com aveia”, afirma o aposentado.
(Cintia Magno/foto; Cesar Magalhães/Diário do Pará)
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