Fundação Cultura do Pará inaugura galeria Ruy Meira em Belém, com mostra especial sobre o artista.
Fundação Cultural do Pará (FCP) inaugurou dia 30 junho a galeria Ruy Meira, um espaço voltado para a valorização dos bens culturais da Amazônia, que será ambientada na Casa das Artes.
A presidente da Fundação Cultural do Pará, Dina Oliveira, conta que a Galeria Ruy Meira é uma justa homenagem ao artista e ceramista. “O Ruy Meira foi o primeiro oficineiro da minha vida, quando tinha 10 anos de idade, lembro que íamos para o Atelier dele, todo mundo em volta dele, vendo ele pintar, pintando junto, desenhando, vendo livros, criando uma intimidade com o atelier, seu espaço de vivência”, lembra.
Quando iniciou as atividades do Curro Velho com a proposta de levar arte e ofício para crianças e adolescentes da Vila da Barca, a arquiteta Dina Oliveira convidou o artista para ministrar oficinas de cerâmica. “Foi uma oportunidade de outras crianças e adolescentes terem acesso ao universo da arte”, comemora.
Para celebrar o lançamento desse projeto e inaugurar a temporada de exposições, o público poderá conferir a abertura da mostra "Ruy Meira: A Arte do Fazer". A exposição apresenta parte de um recorte do acervo da família, apresentando pinturas, esculturas, croquis e catálogos originais, além de reproduções de fotos e textos que contextualizam a trajetória do artista. A mostra tem como curadora Maria Angélica, filha do artista.
Para a mostra foram selecionadas obras significativas do artista, buscando traçar um panorama de sua produção ao longo de seus 50 anos de atividades artísticas. Quadros figurativos e esculturas da década de 1940, a virada abstracionista com o “Porto do Sal” e a tela “S/ título”, de sua última exposição em 1993, estão presentes na exposição. Esculturas em cerâmica e em bronze e trabalhos com suporte em papel também compõem a mostra. “Estas obras participaram de exposições em diversas épocas e de algumas poucas retrospectivas e servem como testemunho do processo produtivo da obra de Ruy Meira”, ressalta Maria Angélica.
A sólida trajetória construída por Ruy Meira o colocou em lugar de destaque dentro do campo das artes plásticas paraenses. A mostra pretende traçar uma trajetória do artista que, sem perder de vista o seu perfil de engenheiro de sonhos, dialoga diretamente com o período histórico contemporâneo, seja por sua representação institucional e presença em diversos acervos, seja por sua própria poética, a percorrer uma diversidade de técnicas - com especial destaque para as linguagens da pintura, escultura e cerâmica, que revelam seu modo de fazer e pensar arte. “Ele (Ruy Meira) sabia passar o condão, abrindo as portas do universo da arte. Ele não tinha essa coisa do regionalismo. Suas obras são geométricas, são universais”, observa Dina Oliveira.
Ruy Meira nasceu em Belém do Pará em 30 de novembro de 1921, passou sua infância Rio Grande do Norte e na juventude iniciou seus estudos na Escola de Engenharia do Pará em 1942, época na qual passou a se interessar pelo desenho e pelas artes, no que foi estimulado por professores e amigos. Sua primeira exposição foi na 1ª Mostra individual, Salões da Biblioteca Pública e do Arquivo Público do Pará em 1956. Até seu falecimento em 1995, participou de inúmeras mostras e exposições, se destacando nas linguagens da pintura, escultura e cerâmica, com uma rica produção e ativa participação no cenário artístico local e em eventos nacionais e internacionais.
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