"Os efeitos do uso da maconha no organismo podem variar de acordo com as características do usuário, com seu estado de espírito, com o ambiente em que se dá o uso e também com as características da droga, dizem pesquisadores".
O grupo multidisciplinar
Maconhabras sob a supervisão do médico
Elisaldo Carlini, professor da Unifesp, reúne pesquisadores de várias
instituições interessados principalmente no uso medicinal da Cannabis sativa.
Maia conversou com o G1 sobre os efeitos fisiológicos e psicológicos da droga
que teve sua venda e cultivo regulamentados por lei aprovada no Uruguai. Veja,
abaixo, algumas das ações da maconha no organismo humano:
Atividade locomotora
A maconha promove, de maneira
geral, uma diminuição da atividade motora, fazendo com que a pessoa se
movimente menos e possa chegar a um estado de sonolência. Porém, dependendo da
dose de tetrahidrocanabinol (THC) – que é o princípio ativo com efeitos mais
pronunciados da maconha – a reação também pode ser oposta, levando a uma
sensação de euforia e intensificação dos movimentos.
“Tudo que envolve os efeitos da
cannabis pode parecer ambíguo. Existem análises que mostram que esses efeitos
são bidirecionais dependendo da dose, do indivíduo e do ambiente”, diz Maia.
Frequência cardíaca
Principalmente em pessoas que
utilizam a droga pela primeira vez, pode haver um aumento da frequência
cardíaca. “Não chega a ser um efeito que pode levar a um infarto, por exemplo,
mas é um aumento muito evidente. A pessoa pode se sentir incomodada e ansiosa,
e isso pode ser um risco no caso de pessoas que tenham histórico pessoal ou
familiar de transtorno de ansiedade ou de pânico”, explica o biólogo.
Diminuição da temperatura /
aumento do apetite
Assim como a droga provoca a
diminuição da atividade motora, também leva a uma diminuição da temperatura
corporal que configura um quadro de hipotermia. Ela pode ainda estimular o
sistema digestivo e aumentar o apetite. Boca seca e olhos avermelhados também
são alguns dos efeitos observados após o uso.
Humor
Quanto aos efeitos no humor do
usuário, a maconha tanto pode provocar relaxamento e calma quanto uma sensação
de ansiedade e angústia. Novamente, isso depende das características do usuário
e também da droga. “Maconha com maior concentração de THC tende a induzir
reações de ansiedade com maior frequência em comparação com a maconha com menor
concentração de THC, segundo estudos”, diz Maia. Quando o usuário tem histórico
médico de ansiedade, os riscos de a droga despertar emoções negativas são
maiores.
Pulmões
O cigarro de maconha contém
muitos dos componentes também presentes no cigarro de tabaco comum. Para
comparar os efeitos do tabaco e da maconha na função pulmonar, Maia cita um
estudo publicado na revista científica “The Journal of the American Medical
Association” (JAMA) em 2012.
Os pesquisadores investigaram a
associação entre o uso de maconha e possíveis efeitos adversos sobre a função
pulmonar em mais de 5 mil pessoas. Os resultados mostraram que o uso intenso por
longos períodos (mais de 10 anos) esteve associado a um declínio da capacidade
pulmonar. Porém, o uso moderado por até 7 anos não causou grandes prejuízos
para os pulmões, diferentemente do que foi constatado em fumantes comuns.
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