"A Transamazônica,Oeste do Pará, destaca-se pela quantidade de cavernas cadastradas na Sociedade Brasileira de Espeleologia, num total de 102 cavidades, até o momento".
Algumas das cavernas cadastradas na SBE, tem sido alvo de pesquisas e descobertas do Especialista em Gestão e Educação Ambiental Rodrigo Motta, Gestor de Turismo no Município de Itaituba.
Dentre as cavernas que chamam a atenção na região da Transamazônica no Oeste paraense, se destacam; a caverna Paraíso, maior caverna da Amazônia e caverna das Mãos, possivelmente a única caverna do Brasil com pinturas rupestres na zona afótica.
As cavernas são ambientes subterrâneos e naturais que ocorrem principalmente em terrenos rochosos. Elas são formadas a partir de diversos processos geológicos e químicos, como a erosão das rochas pela água das chuvas e dos rios, o vulcanismo e os terremotos. Chamamos de meio epígeo o ambiente externo à caverna e de hipógeo, ou cavernícola, o meio subterrâneo.
A Caverna Paraíso está localizada a 87 km a partir do município de Itaituba, através da Rodovia Transamazônica (BR-230) até o km 74, trecho compreendido entre Itaituba e Rurópolis, adentrando à esquerda na estrada denominada "Transfordlândia" por mais 15 km até a chegada na caverna.
A caverna é formada de calcário, possuindo os mais belos e variados espeleotemas, tais como: estalactites, estalagmites, colunas, flores, cortinas e travestinos. A caverna Paraíso tem até o momento 1.620 m de desenvolvimento de seus salões e condutos, o que a faz ser a maior caverna calcária da Amazônia.
Dentre as cavidades encontradas destacam-se a Caverna das Mãos (SBE-329), Caverna Caximbão (SBE-326), Caverna das Damas (SBE-466) e Caverna Fernanda Caroline (SBE-336), todas situadas no entorno da Rodovia Transamazônica. Tais cavernas, ainda não estudadas, foram habitadas, provavelmente, pelos índios Tapajó, entre 1000 e 1200 anos atrás.
A Caverna das Mãos é a de maior importância e tem esse nome por existir em seu interior a marca das mãos feitas por esses antepassados, bem como outros desenhos rupestres a mais de 300 metros dentro da caverna, ou seja, na escuridão total, fato raro no Brasil. Tal fato pode fazer da Caverna das Mãos a única do Brasil com essas características, semelhante somente às cavernas encontradas na França.
É importante ressaltar que o Estado do Pará, conforme o CNC – Cadastro Nacional de Cavernas do Brasil é o 4º colocado no ranking dos estados por ordem do número de cavernas e o 1º colocado no ranking dos municípios por ordem do número de cavernas com destaque para São Geraldo do Araguaia com 470 cavernas cadastradas (maior nº de cavernas cadastradas por municípios no Brasil), seguido por Rurópolis com 75 cavernas cadastradas, em 12º lugar do Brasil e com potencial para maiores descobertas.
Diante do trabalho apresentado, demonstra-se o potencial turístico e histórico das cavernas da região oeste do Pará. Muitos registros são inéditos e poucos foram estudados, fazendo destes sítios, importantes objetos de pesquisa. O turismo pode ser implementado, mas com muita responsabilidade com vistas a preservar nosso patrimônio histórico.
Inscrições e gravuras rupestre nas cavernas
Ao longo da história da humanidade, desde os primórdios do Homem, as cavernas tem desempenhado um importante papel na proteção contra as intempéries. Ao se abrigarem em tais espaços, muitos grupos humanos deixavam registros de sua ocupação na forma de vestígios arqueológicos como material lítico, cinzas de fogueiras, ossos, pinturas, grafismos e outras representações rupestres. Até o momento 11 (onze) cavernas com pinturas rupestres encontradas na região foram cadastradas na SBE – Sociedade Brasileira de Espeleologia, com a possibilidade de serem encontradas outras, através das incursões previstas pelo Grupo Espeleológico de Itaituba.
Estudos sobre a arte rupestre na Amazônia tem sido realizados desde os primeiros viajantes que por aqui passaram nos séculos passados, conforme destaca Prous (1993). Tal afirmativa é compartilhada por Pereira (2003; 2006) quando menciona a existência das crônicas e dos relatos de viajantes e missionários que chegaram à região nos primeiros anos do início da colonização.
A fauna das cavernas pode ser dividida em três grupos: trogloxenos, troglófilos e troglóbios.
A classificação é feita de acordo com o uso que o animal faz desse ambiente.
Os trogloxenos são animais que utilizam as cavernas como locais de abrigo, reprodução ou alimentação, mas que dependem de saídas periódicas ao meio epígeo para completar seus ciclos de vida. Exemplos de trogloxenos são os morcegos, jacarés, algumas espécies de roedores e serpentes.
Troglófilos são os animais que podem viver tanto no meio hipógeo quanto no meio epígeo. Entre estes animais podemos citar alguns moluscos gastrópodes, insetos e pequenos crustáceos.
Os troglóbios são animais restritos ao meio subterrâneo, incapazes de completar seus ciclos de vida fora das cavernas. Dentre estes, podemos citar algumas espécies de peixes como os lambaris, anelídeos, insetos, crustáceos e aracnídeos.
da redação/ Via Amazônia
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