terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Garrafas Pets recicladas são usadas como blocos na construção civil!!!

"O Projeto pretende tornar o plástico objeto de interesse das cooperativas e profissionais de reciclagem, como ocorre com o alumínio e o papelão"


Além de dar uma destinação correta a esse tipo de lixo, a proposta desenvolvida pelo economista Mário Augusto Batista Rocha ainda vai transformar esse material em matéria prima para uso na construção civil.
O projeto, classificado em terceiro lugar nos Prêmios Professor Samuel Benchimol e Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente - edição 2015 - cuja premiação ocorreu no último dia 27, em Porto Velho (RO), conforme Rocha também é uma alternativa para diminuir a poluição causada principalmente pelas garrafas pet, que são consideradas as grandes vilãs da poluição ao meio ambiente.
Rocha explica que é possível pegar o lixo que flutua nos rios de Manaus, contendo rótulo, tampa, resíduo de argila, musgo ou areia, submeter ao processo simplificado de aquecimento e misturar na “Creponeira”, que obtém um material semelhante ao asfalto, o qual colocado em moldes produz artefatos diversos, que poderão ser aplicados em três horas e utilizado na construção civil.
O economista, que trabalha na Divisão de Perfil e Desempenho (DPDES) da empresa Processamento de Dados Amazonas S.A (Prodam), destaca que a máquina protótipo chamada de Creponeira mostrou resultados consistentes para a área da construção civil. “Produzi bloquetes de pavimentação que serve para revestimento de praças, ciclovias, calçadas, além de pedras de meio fio, estacas de cerca, entre outros”, conta.
Conforme Rocha, o material que é construído com embalagem de garrafas PET (refrigerante, óleo, shampoo, água, entre outras), junto com seixo, areia, vidro e até Resíduo de Construção e Demolição (RCD), é muito resistente. “É durável porque as propriedades do plástico que fica mais de 200 anos na natureza até se decompor são incorporadas nesse composto. Outra coisa, fica na chuva e não cria fungos”, disse.
A próxima fase é a construção de uma máquina para produção em grande escala. Mário Augusto revela que está com o projeto pronto e em janeiro começará a construir a nova Creponeira que produzirá o composto. “Essa máquina é baseada no aprendizado ao logo do desenvolvimento deste trabalho. Só após sua produção e uso vou poder ter uma planilha de custo mais apurada”, ressalta.
Para o economista, se a proposta de uso do plástico na produção de artefatos para a construção civil cair na aceitabilidade do público, ou seja, tiver boa aceitação no mercado consumidor, ela se transformará numa alternativa para fazer com que esse resíduo deixe de ser resíduo e passe a ser matéria prima para a transformação de um novo produto. “A reciclagem é isso”, concluiu.
Arma contra desperdício
O “Composto de Resíduo Plástico (Crep)” não foi o primeiro projeto premiado desenvolvido pelo economista Mário Augusto Batista Rocha. Em 2013, o projeto “Zero PET nos Rios” ficou em segundo lugar também nos prêmios da Amazônia.
O economista vem apresentando, desde 2012, soluções inovadoras com foco, sobretudo, na destinação correta das garrafas PET. Em 2013, por exemplo, ele conseguiu facilitar o processo de coleta, armazenamento e transporte do plástico por meio do “Pisapet”, uma criação que permite diminui em 80% o volume das garrafas de plástico.
Sua criação sustentável já se tornou também uma fonte de renda extra. Ele conta que na internet possui um vídeo no Youtube com demonstração do “Pisapet”, com mais de três mil acessos. Tanto interesse reflete em vendas em todo o Brasil. “Pessoas do Sul e Sudeste me procuram direto com interesse de comprar o Pisapet e as vendas são boas”.
Resíduos acabam no aterro
De acordo com a Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos (Semulsp), todo o lixo que é coletado nos rios de Manaus, incluindo as garrafas PET, vai para o aterro sanitário da cidade, e não são reaproveitados. No projeto do “Composto de Resíduo Plástico (Crep)”, as garrafas PET, mesmo estando amassadas e sujas, são todas recicláveis.
“Aqui em Manaus, as empresas que reciclam garrafa PET a submete a um processo de separação de rótulos e tampas, lavagem, descontaminação, moagem e trituração para, enfim, formar o poliéster. Isso custa muito energia, dinheiro e mão de obra. Na minha proposta, a garrafa que você vê na rua, amassada, com resíduo de argila, de alga, pode entrar diretamente no processamento, não precisa passar por essas etapas”, salienta Mário Augusto Batista Rocha.
Ele enfatiza que a Creponeira poderá ser utilizada em qualquer comunidade. Além disso, pode ser alimentada ou aquecida com lenha, gás natural ou botija de gás.
Menor tempo, mais produtividade
A temperatura para queimar tijolo de barro é 900 graus. Além disso, ele ainda tem que passar dois dias queimando.  Enquanto para fazer o “Composto de Resíduo Plástico” é preciso uma câmara aquecida a 260 graus no período máximo de uma hora.
SILANE SOUZA/ A CRITICA, MANAUS/ FOTO DIVULGAÇÃO

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