sábado, 20 de maio de 2017

UM ADEUS A DICA FRAZÃO, A MAIOR EXPRESSÃO DA ARTE AMAZÔNICA QUE VIAJOU O MUNDO.

Dica Frazão tinha a expressão maior da arte, feita com matéria prima extraída da floresta, se transformou em lenda que atravessou barreiras do tempo no cenário internacional.


A artista plástica Raimunda Rodrigues Frazão, carinhosamente conhecida como Dica Frazão, morreu na sexta-feira, 19 de maio em Santarém, no oeste do Pará. Ela estava internada em um hospital particular do município para se tratar de pneumonia.
Com traços únicos e acabamento espetacular, Dica foi artesã, modista e estilista, vestindo grandes personalidades mundiais, como o a rainha Fabíola, da Bélgica, o Papa João Paulo II e o ex-presidente Juscelino Kubitschek. A obra cruzou fronteiras e conquistou o mundo.

Dica Frazão morava na rua Floriano Peixoto, 281, na área central de Santarém. No mesmo enderenço, por décadas funcionou o ateliê particular da modista. Desde 1999, o local é o museu da arte e vida deste ícone cultural.

Durante toda a vida, a artista usou matérias-primas especiais, como fibras, sementes e raízes amazônicas, sendo pioneira neste ramo. A técnica usada por ela ainda é mantida em segredo. A primeira criação, um leque de penas de arara, foi feita em 1949, seis anos após a chegada dela em Santarém.
Primogênita de um casal de agricultores, ela nasceu em Capanema, nordeste do estado do Pará, no dia 29 de setembro 1920. Os estudos convencionais foram até a quarta série, mas o aprendizado de vida seguiu até o último instante. Ela ficou órfã de mãe aos 12 anos e o pai deixou a família dois anos depois. Dica, então com 14 anos, teve de cuidar dos sete irmãos mais novos.

Dica Frazão tinha a expressão maior da arte, feita com matéria prima extraída da floresta, se transformou em lenda que atravessou barreiras do tempo no cenário internacional.
Uma mulher que teve o privilégio em ter tecido uma toalha de mesa que foi levada para o Papa João Paulo II, no Vaticano. O detalhe é que todas essas peças, incluindo a toalha de banho dada ao então presidente Juscelino Kubitscheck, quando ele veio visitar as obras da Rodovia Transamazônica, no ano de 1957, foram feitas com fibra de patchulli, casca de madeira da Amazônia.

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