Dica Frazão tinha a expressão maior da arte, feita com matéria prima extraída da floresta, se transformou em lenda que atravessou barreiras do tempo no cenário internacional.
A artista plástica Raimunda Rodrigues Frazão, carinhosamente conhecida como Dica Frazão, morreu na sexta-feira, 19 de maio em Santarém, no oeste do Pará. Ela estava internada em um hospital particular do município para se tratar de pneumonia.
Com traços únicos e acabamento espetacular, Dica foi artesã,
modista e estilista, vestindo grandes personalidades
mundiais, como o a rainha Fabíola, da Bélgica, o Papa João Paulo II e o
ex-presidente Juscelino Kubitschek. A obra cruzou fronteiras e conquistou o
mundo.
Dica Frazão morava na rua Floriano Peixoto, 281, na
área central de Santarém. No mesmo enderenço, por décadas funcionou o ateliê
particular da modista. Desde 1999, o local é o museu da arte e vida deste ícone
cultural.
Durante toda a vida, a artista usou matérias-primas
especiais, como fibras, sementes e raízes amazônicas, sendo pioneira neste
ramo. A técnica usada por ela ainda é mantida em segredo. A primeira criação,
um leque de penas de arara, foi feita em 1949, seis anos após a chegada dela em
Santarém.
Primogênita de um casal de agricultores, ela nasceu
em Capanema, nordeste do estado do Pará, no dia 29 de setembro 1920. Os estudos
convencionais foram até a quarta série, mas o aprendizado de vida seguiu até o
último instante. Ela ficou órfã de mãe aos 12 anos e o pai deixou a família
dois anos depois. Dica, então com 14 anos, teve de cuidar dos sete irmãos mais
novos.
Dica Frazão tinha a expressão maior da arte, feita com matéria
prima extraída da floresta, se transformou em lenda que atravessou barreiras do
tempo no cenário internacional.
Uma mulher que teve o privilégio em ter tecido uma toalha de
mesa que foi levada para o Papa João Paulo II, no Vaticano. O detalhe é que
todas essas peças, incluindo a toalha de banho dada ao então presidente
Juscelino Kubitscheck, quando ele veio visitar as obras da Rodovia
Transamazônica, no ano de 1957, foram feitas com fibra de patchulli, casca de
madeira da Amazônia.
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