A expressão maior da arte, feita com matéria prima extraída da floresta.
Dica Frazão, a mulher que se transformou em lenda e se destaca na arte popular, e que atravessou barreiras do tempo no cenário internacional.
Um casal de turistas paulista chega sem avisar. Ao contrário de muitos que a artista radicada santarena está acostumada a receber em seu ateliê, onde também funciona o Museu, eles beijam os pés de Dona Dica como se reverenciassem uma deusa. E para alguns, é o que ela realmente é. Anos atrás, um jornal da capital se referiu a artista Dica Frazão como “A Mulher que faz a Arte brotar da Terra”. E foi desse jeito, usando o talento que Deus lhe deu, que Raimunda Rodrigues Frazão ficou sendo conhecida no mundo inteiro.
Hoje a mulher que dá nome ao Museu Dica Frazão é uma lenda. A verdade é que ela sempre foi especial. “Minha Arte é talento que Deus me deu, não aprendi com ninguém”, ela cita com muita honra.
Aos 95 anos, dona Dona Dica Frazão, lenda viva na cidade, tem motivos de sobra para se orgulhar de sua arte. Ao editor Roberto Santos, ela desfiou um rosário de acontecimentos que povoaram e ainda fazem parte de sua preciosa existência. Contou emocionada da primeira vez em que foi convidada para expor suas obras feitas com fibras, palhas e penas no Teatro da Paz. “Foi no ano de 1972, a convite do então Governador Fernando Guilhon”, lembrou do vestido feito para a Rainha Fabiola, da Bélgica, e do qual ela guarda uma réplica entre o acervo de seu Museu.
Uma mulher que teve o privilégio em ter tecido uma toalha de mesa que foi levada para o Papa João Paulo II, no Vaticano. O detalhe é que todas essas peças, incluindo a toalha de banho dada ao então presidente Juscelino Kubitscheck, quando ele veio visitar as obras da Rodovia Transamazônica, no ano de 1957, foram feitas com fibra de patchulli, casca de madeira da Amazônia.
A arte que é feita com sementes, palha e fibra vegetal
O Museu Dica Frazão, fundado no ano de 1996, no Governo de Joaquim de Lira Maia, guarda réplicas de peças muito valiosas e mais que peças de arte, são símbolos que mostram o quanto a cultura e arte amazônidas fazem sucesso além fronteiras. “Sinhazinha da Fazenda”, “Rainha do Encontro das Águas”, tem em comum serem feitas de escamas de aruanã, penas de ganso e de pato. Matérias primas extraídas da floresta e dos rios enriquecem o acervo do museu Dica Frazão, em Santarém.
Do ateliê mágico de Dica Frazão saiu o vestido da Rainha da Bélgica, tudo feito com palhas naturais e sementes regionais.
Em seu ateliê, localizado no coração da Pérola do Tapajós, o talento que Deus lhe deu e que tanto Dica Frazão se orgulha em cultivar, é ferramenta natural que dá formas, através de suas mãos mágicas ao sonho de elegância e destaque social de toda mulher.
Além de tantas que estão espalhadas nos quatro cantos do mundo. Tudo confeccionado com muito amor e carinho pelas mãos talentosas de Raimunda "Dica" Frazão.
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