"Ter a oportunidade de documentar pela primeira vez uma tribo escondida no meio da selva é algo raro. Poder retornar ao local tempos depois e constatar que as coisas estão melhores que antes, é igualmente significativo"
Essa experiência, vivida por um
fotojornalista paraense há quatro anos, agora sai em livro: Zo’é (Editora Terceiro
Nome, 128 págs.) é o documento visual desses encontros.
Primeiro fotógrafo a ter contato
com os Zo’é, uma pequena comunidade indígena que vive isolada no interior da
floresta amazônica, na região do Pará, Rogério Assis retornou ao local vinte
anos depois.
Aos 48 anos de idade, ele começou
sua trajetória profissional documentando tribos indígenas para o Museu Emílio
Goeldi, em Belém. Com passagens pela Agência Estado e Folha de S. Paulo, o
fotógrafo vive atualmente na capital paulista, onde atua como editor-executivo
da editora Mandioca, uma prestadora de serviços que elabora projetos em
parceria com outras editoras.
Segundo explica, o primeiro
contato foi totalmente casual (os detalhes estão no livro). Isso ocorreu em
1989, dois anos depois do primeiro encontro oficial dos Zo’é com o mundo
exterior, por meio de um grupo de missionários.
Consta que desde a década de 1940
a tribo tinha conhecimento da presença do homem branco em seu território, que
fica entre os rios Cuminapanema, Erepecuru e Urucuriana. Porém, o primeiro
contato de fato ocorreu em novembro de 1987. O saldo dessa aproximação foi
desastroso para o povo da floresta e seu frágil sistema imunológico: quando
Rogério esteve na região, um quarto da população da tribo já havia perecido.
Restavam 147 índios, muitos dos quais doentes.
Após o contato com os
missionários, a Funai entrou em cena e reestabeleceu o isolamento da tribo, bem
como tratou dos doentes. Com isso, o fotógrafo reencontrou os Zo’é em 2009 num
contexto bem mais animador: havia 246 indivíduos vivendo na aldeia, com boa
saúde graças às ações da Frente de Proteção Etnoambiental Cuminapanema.
Atualmente, a população é de 270 pessoas.
A segunda visita do fotógrafo
teve como motivação a produção do livro, que só quatro anos depois da segunda
expedição conseguiu vencer a apatia dos patrocinadores, apesar de inscrito na
Lei Rouanet de Incentivo à Cultura.
Fotos das duas oportunidades
compõem o volume e revelam o cotidiano e o modo de vida dos Zo’é. Para manter a
uniformidade estética das imagens, Rogério utilizou o mesmo recurso de captura:
o filme preto e branco. “Com a diferença que na primeira viagem, a câmera usada
era 35mm e, na segunda, uma câmera de médio formato”, sublinha o autor.
“Percebemos nestas imagens uma
postura sutil e delicada de se deixar desaparecer entre os outros para se
tornar um deles”, assinala a pesquisadora e curadora de fotografia Rosely
Nakagawa, em texto para o livro. “A ideia era constatar que o isolamento é muito
benéfico para etnias indígenas, o que fica provado através das imagens”,
acrescenta Rogério.
Zo’é é complementado pelo relato
do fotógrafo sobre o contexto das duas expedições, por uma apresentação de
Márcio Meira, presidente da Funai no período da segunda viagem e por um ensaio
da antropóloga Dominique Tilkin Gallois, considerada uma das maiores estudiosas
sobre os usos e costumes de várias tribos da região – entre as quais, os Zo’é.
Fonte: iphotochannel/Fotos :Rogerio
Assis
Para conhecer a verdade sobre o que aconteceu com o povo Zo'é acesse http://indigenismohoje.blogspot.com.br/ e ou http://www.jesocarneiro.com.br/saude/questao-zoe-a-historia-que-nao-e-contada.html
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